Quem é Salman Khan?
É o engenheiro e matemático criador da Khan Academy,
uma instituição sem fins lucrativos que publica vídeo aulas no YouTube e
permite que qualquer pessoa as acesse. Suas 2 700 aulas em vídeo já
foram vistas mais de 115 milhões de vezes, em pouco mais de cinco anos.
Seus alunos estão espalhados pelo mun¬do e incluem até Bill Gates, que
acompanha as aulas com seus filhos.
2- O que ele fez?
Produziu e publicou vídeos e exercícios gratuitos sobre diversas áreas do conhecimento. Há quase cinco anos, Khan ajudava uma prima de 12 anos que tinha dificuldade em Matemática. Ela estava em New Orleans, ele, em Boston. Nesse período, Khan chegou a criar um software de exercícios, mas depois descobriu que a melhor solução seria gravar vídeos e colocá-los no YouTube, pois poderia ensinar uma vez e ser visto várias vezes. No começo, os alunos eram outros parentes. Em um mês, chegaram os primeiros e-mails de agradecimento de estranhos. Os vídeos começaram a ser vistos centenas, depois milhares de vezes. Em 2009, abandonou o emprego para dedicar-se integralmente ao projeto.
Produziu e publicou vídeos e exercícios gratuitos sobre diversas áreas do conhecimento. Há quase cinco anos, Khan ajudava uma prima de 12 anos que tinha dificuldade em Matemática. Ela estava em New Orleans, ele, em Boston. Nesse período, Khan chegou a criar um software de exercícios, mas depois descobriu que a melhor solução seria gravar vídeos e colocá-los no YouTube, pois poderia ensinar uma vez e ser visto várias vezes. No começo, os alunos eram outros parentes. Em um mês, chegaram os primeiros e-mails de agradecimento de estranhos. Os vídeos começaram a ser vistos centenas, depois milhares de vezes. Em 2009, abandonou o emprego para dedicar-se integralmente ao projeto.
A Khan Academy não substitui o professor
As soluções tecnológicas de Salman Khan foram saudadas como revolucionárias. Ainda que tenham mérito, é preciso reforçar que nada toma o lugar do docente na tarefa de ensinarNas duas últimas semanas, as manchetes de jornais e revistas foram preenchidas por notícias sobre a vinda do matemático Salman Khan ao Brasil. Nos dias em que aqui esteve, o criador da Khan Academy - site que reúne vídeos e exercícios de Matemática, Biologia e outras disciplinas, além de gráficos com os resultados dos alunos - conheceu o Ministro da Educação e a Presidente da República e concedeu entrevistas a autoridades, repórteres e profissionais da Educação. Após conhecer o trabalho de Khan, a presidente Dilma chegou a propor o desenvolvimento de material da academia para a alfabetização em português, convite a que ele sabiamente declinou. E o Governo Federal prometeu disponibilizar os vídeos nos 600 mil tablets que serão entregues a professores da rede pública durante o semestre.
Tanto alvoroço fez com que se criasse a ideia de que a proposta era a solução para os problemas da Educação brasileira, como se bastasse recorrer ao cardápio de recursos do americano para dar o salto de qualidade tão necessário ao ensino. Não custa lembrar que não há soluções fáceis para o avanço da Educação.
As novas tecnologias não substituem o trabalho do professor. Elas podem se tornar grandes aliadas do ensino, desde que entendidas como complementares a um conjunto de outras ações fundamentais - que vão de uma boa formação à garantia de infraestrutura adequada. "Os problemas da Educação causam uma ansiedade e um sentimento de urgência, que é legítimo. O que não se pode é achar que os recursos da Khan Academy são a salvação da lavoura. A gente não vai resolver tudo em um passe de mágica. Existem várias coisas que precisam ser feitas e testadas na Educação", explica Denis Mizne, diretor executivo da Fundação Lemann, organização responsável pela tradução dos vídeos e pela implementação do recurso no Brasil.
O trabalho da Khan Academy tem méritos que merecem destaque. O primeiro é o de dar acesso universal e gratuito a um extenso banco de aulas, hoje com 3.800 vídeos em língua inglesa, que ajudarão a democratizar o conhecimento. Disponibilizar esse conteúdo a estudantes de diferentes partes do mundo é algo que merece ser comemorado.
O segundo é ter uma preocupação real em fazer com que a ferramenta seja útil para os professores. Além das videoaulas, Salman Khan criou séries de exercícios e um programa que analisa os resultados de cada aluno e gera gráficos. "O professor consegue ver quais atividades foram feitas pelos estudantes e onde alguns estão estacionados. Assim, pode tirar dúvidas ou colocar os alunos que avançaram mais rápido para trabalhar com aqueles que estão precisando de ajuda", explica ele. A solução é interessante, mas só funciona se o educador for além. Um software, por melhor que seja, não consegue substituir a observação e as intervenções humanas. Ao basear a avaliação apenas em dados gerados automaticamente, perde-se a chance de investigar a fundo as diversas estratégias utilizadas pelos alunos para chegar a cada resultado, entender os diferentes conhecimentos de que eles já dispõem e saber quais são exatamente os pontos de dificuldade.
Logo, é preciso calma e uma reflexão mais consistente sobre como usar todas essas inovações em benefício do ensino e da aprendizagem. Para obter sucesso, o foco deve estar no professor. É o docente que conhece os alunos e sabe reconhecer as melhores maneiras de se aplicar este ou aquele recurso em sala de aula. Para tanto, é essencial que ele domine as ferramentas, os conteúdos e conheça suas turmas de perto.
Como surgiu e o que faz hoje a Khan Academy
Tudo começou, em 2004, quando, ainda trabalhando no mercado financeiro, Salman Khan ajudava uma prima de 12 anos com dificuldades em conversão de unidades matemáticas, via telefone. Quando Nádia conseguiu resultados positivos em avaliações escolares, a notícia se espalhou pela família e mais alunos foram chegando. Devido à demanda, o procedimento sofreu adaptações. Aconteceram encontros via Skype, enquanto era desenvolvido um software de geração de exercícios e acompanhamentos de resultados. Até que um amigo sugeriu que o youtube fosse utilizado, o que gerou uma visibilidade em escala mundial e a possibilidade de que os vídeos fossem vistos mensalmente por seis milhões de pessoas.
A partir de então, Khan ganhou destaque e passou a aprimorar seu trabalho. Além das videoaulas, foram criadas séries de exercícios para cada módulo e um recurso de gráficos que analisa os resultados de cada aluno. São medidos a quantidade de erros e acertos, o número de tentativas para cada questão, quais foram as alternativas escolhidas antes de o aluno acertar a resposta, quais os horários em que o software foi acessado, quanto foi o tempo gasto em cada exercício e quantas vezes voltou para a aula expositiva.
No Brasil, a ferramenta tem sido aplicada pela
Fundação Lemman em escolas públicas paulistanas há um ano como projeto
piloto. Um dos desafios é adaptar o conteúdo à realidade local, tarefa
ainda em curso.
O segredo do sucesso de Khan
Saber explicar raciocínios de forma clara e simples: essa é a chave dos vídeos do professor mais famoso da internet. Mas será que apenas isso basta para uma aula de qualidade?
Por que as aulas de Khan são tão populares? As aulas de Khan fazem sucesso porque o matemático consegue explicar de maneira clara e simples seu raciocínio para a resolução dos problemas propostos. As ideias do pesquisador francês Guy Brousseau, um dos maiores especialistas da área de Didática da Matemática (ramo da Pedagogia destinado à investigação de caminhos para ensinar de modo que todos aprendam), ajudam a entender a questão. Segundo Brousseau, a explicação dos raciocínios de resolução é parte de um processo conhecido como explicitação. Vale a pena detalhar um pouco como ele se dá para entender o alcance - e os limites - do trabalho do indiano.
Na definição do francês, explicitação é a "passagem do conhecimento ao saber". No sentido da frase, as duas palavras estão longe de serem sinônimos. Conhecimento diz respeito a algo implícito, ligado ao plano das ações. Por exemplo, uma estratégia de cálculo mental que uma criança usa para resolver um problema matemático, na base da tentativa e erro, ainda sem formular para os outros (e para si próprio) qual caminho estabeleceu para conseguir chegar à solução. O saber, por outro lado, é mais elaborado: trata-se de uma estratégia já discutida e confrontada com outras posições (o que se chama de formulação), posta à prova e aceita socialmente (o que se chama de validação).
A explicitação, portanto, envolve a passagem por essas três etapas: ação, formulação e validação. Pela própria natureza de suas aulas, que não permitem interação e a necessária troca de experiências, Khan põe ênfase na ação e na validação, fases mais identificadas com a experiência da Educação a distância.
2- Basta recorrer à receita de sucesso de Khan para uma aula de qualidade?
Não. Fornecer explicações claras e simples é importante, mas não suficiente. Para os alunos, os vídeos podem até servir como uma indicação de recurso extra (que deve vir sempre acompanhada de um conjunto de fontes) para aprofundar o conteúdo aprendido - ou, caso a turma tenha familiaridade com o tema tratado, é possível convidar os estudantes a analisar e explicar os procedimentos utilizados pelo indiano. Para você, professor, vale conferir como um exemplo de explicitação - mas não o único, nem o melhor. Vejamos porquê.
Transpostas para o ambiente real, aulas como as apresentadas por Khan na internet estariam próximas do ensino tradicional. Afinal, são centradas na explicação do docente (a conhecida imagem do professor no tablado "puxando a lousa", enquanto os alunos só escutam).
Não é o desejável: pesquisas da Didática da Matemática apontam que a atividade matemática consiste basicamente em buscas pessoais e compartilhadas de resolução de problemas para os quais ainda não se tem solução. "Esse processo envolve antecipações, experimentações, comunicar para os outros o que foi realizado, argumentar a favor ou contra certa solução, analisar erros, rever e estabelecer acordos dentro do grupo", explica Priscila Monteiro, consultora pedagógica da Fundação Victor Civita (FVC).
Por tudo isso, aulas em que se expõem conceitos, fórmulas e regras ("fixados" posteriormente por meio da repetição de exercícios) não são as mais indicadas para que haja, de fato, construção de conhecimento.
Isso não significa, entretanto, que seja preciso abandonar esse conjunto de procedimentos clássicos. Mas é preciso lembrar que as situações de sala de aula são infinitamente mais complexas do que o ambiente presente na Educação a Distância - ainda mais num modelo de autoinstrução como o de Khan, em que a interação aluno-professor é muito reduzida e os contatos aluno-aluno, inexistentes.
Em sala, mesmo que a aula fosse totalmente expositiva, o aluno poderia interagir mais do que com o vídeo, pois teria a oportunidade de perguntar e contrapor formas de resolver problemas. Se houvesse trabalhos em grupo, então, essa característica seria potencializada, o que é uma vantagem: ainda de acordo com as descobertas da didática da Matemática, o aprendizado exige desafios significativos, tempo para a reflexão e a discussão em grupo.
Por meio desse percurso, a explicitação passa a estar a cargo dos próprios estudantes e não do docente. É uma mudança fundamental em relação à metodologia tradicional, em que o processo está apenas nas mãos do professor. É o que ocorre nas aulas de Khan: em diversos vídeos de aritmética, por exemplo, o indiano explica uma forma de realizar um determinado cálculo afirmando ser "a mais fácil". Mas cabe refletir: mais fácil do ponto de vista de quem? Quais conhecimentos os alunos precisam ter para entender o procedimento utilizado?
O risco, nesse caso, é dar ao aluno a impressão de que é solução apresentada é a única maneira de resolver o problema, o que quase nunca é verdade. Assim, os vídeos do indiano podem ser um apoio extra, mas jamais substituirão o professor e seu conhecimento didático, capaz de auxiliar cada aluno a ser um sujeito ativo, e cada vez mais autônomo, na construção do próprio saber.
Khan Academy – A Escola do Futuro Hoje
Um dos principais desafios que se colocam aos professores quando têm pela frente 20 ou mais alunos tem a ver com os seus ritmos diferenciados de aprendizagem. Invariavelmente, o professor tende a criar, pelo menos, dois grupos dentro da turma, procurando responder o melhor que sabe e pode a essas diferenças, não atrasando e incentivando os mais clarividentes, não deixando que os mais lentos percam o comboio da aprendizagem. A diferenciação, chave do processo de ensino/aprendizagem do futuro, como já aqui falámos num artigo anterior, constitui por isso o maior desafio a um desempenho profissional de sucesso.
Os professores campeões de audiência no Youtube
As experiências de profissionais de Educação que ficaram famosos na internet ao produzir conteúdos que ajudam alunos de várias partes do mundo.Há cinco anos, o americano descendente de indianos Salman Khan, de 34 anos, precisou ajudar uma prima que tinha dificuldades para aprender Matemática. Ela estava em New Orleans; ele, em Boston. A distância levou Khan a gravar vídeos e colocá-los no Youtube, para que pudesse ensinar a prima a distância (veja abaixo o vídeo em que Khan fala sobre o projeto, em inglês). Depois de um mês que as primeiras aulas estavam no ar, chegaram alguns e-mails de agradecimento de pessoas que Salman Khan não conhecia.
Os vídeos do americano começaram a ser vistos centenas, depois milhares de vezes por alunos de todo o mundo. O material é muito simples e o professor nunca aparece nas produções. Ouve-se apenas a voz de Khan e, em uma tela preta, vão surgindo os traços que ele desenha em uma prancheta conectada a seu computador. Os vídeos têm entre 10 e 15 minutos e os temas são sempre bem específicos. O forte das aulas ainda é a Matemática, mas já há conteúdos de Biologia, Química, Física e finanças, todos hospedados na Khan Academy, um site formado basicamente por uma coleção de links para os vídeos no Youtube e que recebe, em média, 300.000 acessos por mês.
Outro fenômeno parecido aconteceu quando as aulas do filósofo político Michael Sandel, de 58 anos, professor da Universidade de Harvard (EUA), passaram a ser colocadas na internet. As aulas de Sandel sempre são baseadas em lições desafiantes sobre grandes dilemas morais – como o aborto, a eutanásia e a pena de morte. Os vídeos, vistos por outros tantos milhões de pessoas, são gravações de palestras dadas pelo professor no maior auditório da Universidade.
A simplicidade da produção dessas aulas demonstra que não é necessário ser nenhum expert em tecnologia para conseguir fazer bons vídeos ou selecionar conteúdos multimídia para os alunos. Uma boa ferramenta criada pela rede social de compartilhamento de vídeos é o Youtube Teachers, canal específico para educadores e disponível, por enquanto, apenas em inglês.
A ideia da ferramenta – que oferece um passo a passo de como usar o Youtube para produzir vídeos e planejar as aulas – é fazer com que a ferramenta se torne uma rede consistente, formada por professores de todas as disciplinas. O objetivo é fazer com que os educadores troquem e compartilhem conteúdos em vídeo para serem apresentados em aula ou disponibilizados como material de apoio aos estudantes. “Assim como outros projetos colaborativos existentes na internet, como a Wikipedia, o Youtube com fins educacionais pressupõe uma participação ativa dos seus usuários”, explica Rafael Bennertz, sociólogo, mestre e doutorando em Política Científica e Tecnológica pela Universidade Estadual de Campinas . “Isso significa que alunos e professores vão deixar de ser meros receptores de projetos para se tornarem também criadores de conteúdo em vídeo”, diz.
A educadora Marly Soriano, professora de Informática Educativa da EMEF Cleómenes Campos, em São Paulo, faz um alerta importante às escolas que desejam começar a produzir vídeos. “É necessário que os coordenadores pedagógicos desenvolvam maneiras simples de ensinar a seu corpo docente como fazer isso”, afirma. Para ela, promover pequenas oficinas que ensinem os recursos básicos do Youtube para os professores pode ser uma solução viável, assim como produzir materiais impressos que sirvam como manuais de instrução e de ética.
Mais de 2700 videos
O portal disponibiliza mais de 2700 vídeos de Matemática, Ciências, Humanidades e Testes de preparação, para diferentes graus de ensino.Com este material, que continua a a crescer dia a dia, Salman Khan, tem já mais de 200 mil alunos em todo o mundo que “devoram” os seus testes e vídeos.
Se numa primeira fase o projecto contou apenas com a sua carolice, o seu sucesso foi compreendido pelos gigantes da informática, como a Microsoft e a Google, que decidiram financiar o projecto, o que permitiu ao seu mentor dedicar-se ao projecto a tempo inteiro.
Se numa primeira fase Salman Khan pensou o seu sistema para o universo norte-americano, os financiamentos conseguidos estão a permitir a sua expansão para todo o mundo, nomeadamente com a tradução dos seus vídeos para outras línguas, entre as quais o português.
http://www.professortic.com/2012/01/khan-academy-escola-futuro-hoje/
http://youtu.be/AezzB7VbPBc
http://youtu.be/gM95HHI4gLk
http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/professores-campeoes-audiencia-youtube-647262.shtml
Nenhum comentário:
Postar um comentário